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Por que estão falando tanto de… quit-tok

Por que estão falando tanto de… quit-tok

Muito distante do quiet quitting, a prática de publicar vídeos que mostram a própria demissão nas redes sociais ganhou popularidade entre a fatia mais jovem da atual força de trabalho. O quit-tok, trend que já soma muitos adeptos no TikTok, mostra como estamos diante de um novo perfil profissional – e um novo desafio para o RH.

Desaios para atração e retenção na tecnologia

Renan Nishimoto, CEO da MINEHR; Rodrigo Pádua, VP Global de Gente e Cultura | VP Global de Recursos Humanos na Stefanini; e Rodrigo Stoqui, Chief Culture Officer e fundador da JustForYou, trocam uma ideia sobre os desafios que enfrentam no dia a dia

Lidiane Faria
6 de abril de 2022
Atração, retenção e tecnologia: 3 profissionais compartilham seus desafios
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Chamamos para a sala três profissionais que lidam com os desafios do RH de jeitos diferentes. São eles: Renan Nishimoto, CEO da MINEHR; Rodrigo Pádua, VP Global de Gente e Cultura | VP Global de Recursos Humanos na Stefanini; e Rodrigo Stoqui, Chief Culture Officer e fundador da JustForYou.

-> Rodrigo Pádua pergunta para Rodrigo Stoqui:

Atração, retenção e tecnologia: 3 profissionais compartilham seus desafios

Como formar novos talentos e mantê-los na empresa em um mercado com falta de profissionais de tecnologia? Qual é o risco de investir, formar e perdê-los muito rapidamente?

Aqui na JustForYou fizemos a seguinte escolha: entre (1) investir e formar bons profissionais, mesmo correndo o risco de perdê-los, ou (2) fazer o “básico” por medo, digamos, de fazer altos investimentos e partirem para novos desafios, nosso foco sempre será na primeira opção – até porque hoje partimos do princípio que todo negócio será (ou já é) de educação e tecnologia.

Investimos em educação porque é muito importante não somente investir em trilhas de conhecimento para os colaboradores, de acordo com as suas funções especificamente, como também mostrar que na nossa empresa eles têm espaço para aprenderem sobre novos temas, participar de atividades que fogem do seu escopo atual e estimular uma cultura colaborativa baseada em liberdade, expressão e ação. E tecnologia pelo fato de que todo negócio precisa se reinventar todos os dias, então mostrar para os colaboradores que fazer parte desse movimento de inovação e transformação constante vai contribuir e muito para seu momento profissional e pessoal. Outro lema que levamos muito a sério aqui na JustForYou é que gente boa gosta de trabalhar com gente boa, então culturalmente criar também esse ambiente é fundamental para retenção de talentos.

Ser o exemplo, dar o caminho, inspira e formar novas lideranças passa diretamente por propósitos e valores claros, bem definidos e alinhados. É isso que uma empresa em crescimento precisa, é isso que os colaboradores querem, é isso também que o mercado precisa ou espera, e os clientes da nossa empresa merecem. E aqui vai um dos primeiros aprendizados que tive quando começamos a recrutar bastante gente, sobre a importância de saber que mudanças e ajustes são diários, e mesmo que dolorosos, deixar alinhado do dia zero que duas coisas vão acontecer: mudanças e oportunidades. 

Uma vez que você começou a pintar uma imagem do ‘por que’ para as pessoas, você precisa começar a conectá-lo com o ‘como’. E uma vez que a arquitetura esteja pronta e as pessoas possam ver como essa visão será colocada em prática, principalmente no dia a dia delas, rapidamente querem começar a ver os primeiros sinais de valor tangível.

Para finalizar, atualmente trabalhamos com base em alguns pilares de sucesso e que compartilhamos com todos os colaboradores a todo momento. Acredito muito também que eles nos ajudam num modelo de retenção considerando que todas as empresas estão em busca de talentos:

1. Você pode escolher com o que quer trabalhar/fazer, desde que se prepare para isso.

Por isso a importância de investirmos em educação e trilhas de conhecimento, preparando as equipes não só em suas tarefas do dia a dia. Se você mostrar que dentro da própria empresa existe oportunidade para quem “está na pegada” e quer fazer acontecer, naturalmente novos desafios serão apresentados. Às vezes é questão de momento, às vezes questão de paciência, às vezes os dois juntos, mas nunca pare de investir nos seus colaboradores. 

2. Ninguém pode limitar o seu pensamento, então tenha conversas maduras, sinceras e objetivas.

Aqui mostramos que somos pessoas de verdade com mentes inquietas, que somos profissionais (e pessoas acima de tudo) que gostam de ajudar o outro e de se doar a propósitos, sonhos e ideias. É como se você estivesse envolvido com uma grande comunidade, que busca os mesmos objetivos e se ajuda diante de qualquer adversidade. Lembre-se, quando falamos em propósito e valores, a comunicação entre gestão e equipes deve fluir bem nos dois sentidos. Quando uma pessoa parece perdida é porque ela não recebeu informações suficientes, e se a gente não contar sobre o negócio, desafios, etc, as pessoas buscam informação em outro lugar e nem sempre é a fonte mais confiável.

3. Use a empresa com liberdade e responsabilidade.

Mostrar para os colaboradores que eles não precisam ficar presos em caixas ou squads, fazendo só a sua parte, mas sim que a empresa está sempre disponível para abrir novos caminhos, ajudá-los em sua formação profissional. Aí que está um dos segredos, a construção dessa narrativa e como aplicá-la aos poucos seguindo as duas linhas a seguir:

  • Fique muito próximo de todos os envolvidos – é aí que você identifica o que as pessoas querem saber e onde existem barreiras que você precisa enfrentar.
  • Não restrinja a forma como você se envolve com as pessoas – use canais formais e informais para ouvir suas equipes.

-> Rodrigo Stoqui pergunta para Renan Nishimoto:

Atração, retenção e tecnologia: 3 profissionais compartilham seus desafios

Eu penso que as empresas de hoje precisam ser construídas com base em 2 fortes pilares: Educação e Tecnologia. Como você enxerga estes 2 pilares na sua empresa e também nas empresas do seu segmento?

Também acredito nestes pilares como base para o crescimento sustentável de qualquer organização, principalmente das startups que precisam ser escaláveis (e a base tecnológica é essencial para isso) e ter ciclos rápidos de aprendizado (mindset de errar rápido e corrigir rota).

No contexto de 2 anos de vida da MINEHR, enxergo que a educação ocorre por um modelo de aprendizagem guiado mais pela experiência do que pela instrução. Apesar de possuirmos comitês de conteúdo periódicos em que o próprio time estuda e compartilha conteúdos com a empresa, percebo que os nossos maiores saltos de aprendizagem e evolução se dão com a internalização de erros e acertos da jornada, e a premissa para que isso aconteça é a existência de uma cultura que não só permita, mas abrace e interprete os erros cometidos como sinais de clareza sobre qual deve ser o caminho correto.

Quanto à tecnologia, respiramos este pilar no dia a dia da MINEHR. Um dos primeiros aprendizados que tivemos no início da nossa jornada enquanto empreendedores, foi que não se terceiriza tudo aquilo que for “core” para a empresa, e o grande diferencial da nossa solução para o mercado está na tecnologia. Hoje resolvemos problemas de negócio aplicando ciência de dados à gestão de pessoas, o que não seria disruptivo se fosse realizado no modelo de consultoria. Agora, quando encontramos um modelo em que podemos continuar resolvendo esses mesmo problemas de forma escalável, o jogo muda. E então deixamos de vender nosso tempo e passamos a vender de fato a solução do problema.

-> Renan Nishimoto pergunta para Rodrigo Pádua:

Atração, retenção e tecnologia: 3 profissionais compartilham seus desafios

É comum percebermos certo receio de profissionais de RH à transformação digital e à adoção de novas tecnologias, partindo da crença de que essas mudanças podem vir a “desumanizar” esta área. Qual é sua visão sobre esse momento de transformação e o papel das novas tecnologias no RH?

Antes da pandemia, sentia um pouco este receio. Hoje, ao menos no mundo onde estou inserido, percebo que o RH está cada vez mais adotando tecnologias. Acredito que hoje não vivemos mais pessoas ou tecnologia, mas pessoas e tecnologia. Desta forma, conseguimos utilizar o ser humano naquilo que ele realmente é bom.

Hoje, a tecnologia substitui algumas tarefas, mas são aquelas em que não éramos produtivos. Por isso, acredito que a tecnologia nos inspira a sermos ainda melhores. Pra mim, é tecnologia mais recursos humanos: quando somamos os dois, potencializamos os resultados.

Lidiane Faria é graduada em Relações Públicas e pós-graduada em Jornalismo. Tem experiência em startups de tecnologia, consultorias e emissoras de TV e adora ouvir pessoas incríveis.